Pelo retorno da Série Bronze
Luiz Henrique Franqui |
O salonismo gaúcho está passando por um momento de transição. Para melhor, é o que todos esperam.
Como não conheço pessoalmente os membros da nova administração do futsal rio-grandense, ainda não me cabe fazer avaliações a respeito da FGFS/Liga. Aliás, pior do que estava não tem como ficar. E desejo muito êxito aos novos dirigentes, para que o Rio Grande do Sul volte a ter o destaque que merece no cenário nacional.
Como entusiasta do futsal gaúcho, tenho algumas considerações a fazer. Na minha modesta opinião, o melhor formato do Campeonato Estadual foi aquele que mantinha três divisões: Ouro, Prata e Bronze. Mas porque tal formato sucumbiu? Por razões diversas, obviamente. Econômicas, estruturais e administrativas.
Na Série Ouro, com um número significativo de equipes disputando a Liga Futsal, o calendário sempre era definido privilegiando os chamados “grandes” clubes, que estavam no certame nacional. Muitas vezes times “pequenos” ficavam mais de 30 dias sem atuar (com as despesas correndo), esperando folgas na tabela dos jogos das chamadas “equipes de ponta”. Isso foi enfraquecendo e afastando os clubes da elite do nosso salonismo. A exigência de que os participantes da Ouro disputassem, obrigatoriamente, o certame Juvenil (que em tese é uma boa idéia, mas na prática é uma catástrofe financeira) também foi tornando a primeira divisão do campeonato cada vez menos atraente. A falta de uma boa cobertura jornalística da emissora de televisão que detinha os direitos de transmissão também colaborou negativamente. Por outro lado, a Série Prata se tornou a melhor competição que tínhamos na época. Enxuta, com apenas 12 participantes e equipes tecnicamente mais equilibradas, a Prata era disparado o melhor certame do futsal sulista. Só que, com os problemas na Ouro, muitos times que chegavam às finais da competição, garantindo vaga na elite, simplesmente se recusavam a disputar a Série Ouro. Muitas vezes obrigados a isto, jogavam uma temporada (no máximo duas) e acabavam fechando as portas.
Por fim, tínhamos a divisão de entrada no campeonato estadual, a Série Bronze. Em algumas temporadas, com mais de 30 participantes. Outra competição muita boa. Mesmo com nível técnico inferior, com o decorrer das fases as equipes iam se reforçando com atletas que estavam nas séries Prata ou Ouro (havia um limitador de três transferências deste tipo por clube), e até mesmo da Liga, e nas fases decisivas o nível das disputas ficava muito parecido com a Série Prata, com ótimos embates esportivos. Sem falar que os baixos custos (isso há muito tempo) proporcionavam que muitos clubes pudessem disputar um certame estadual. Hoje, como todos sabemos, a Bronze não existe mais. E inúmeros clubes simplesmente pararam suas atividades. Outros disputam competições como a Taça RBS, torneios ou ligas regionais. Por absoluta falta de opções e recursos.
E que fique claro. A culpa desta situação não é exclusiva dos antigos dirigentes da FGFS. Os clubes se omitiram e deixaram que o nosso campeonato fosse definhando. Lembro de ter participado de algumas assembléias de instalação de campeonatos das séries Prata e Bronze, quando os poucos clubes que ousavam fazer algum questionamento ou cobrança eram motivo de “olhares de desaprovação” dos colegas. Colegas estes que se limitavam a aplaudir os dirigentes da época e aprovar tudo que já vinha pronto e definido de Porto Alegre. Muitos destes, mais tarde viram seus clubes fecharem as portas também.
E como retomar o antigo patamar do futsal gaúcho, que nos enchia de orgulho e despertava respeito nos demais Estados do país? São questões que a nova direção da FGFS/Liga terá que equacionar.
Vou dar algumas sugestões. Na parte estrutural da Federação sugiro a implantação (e ou modernização, caso já existam) de três departamentos. Um de Publicidade/Marketing, para alavancar o “produto” futsal e agregar renda (dinheiro) à competição estadual, revertendo em benefícios diretos aos clubes. Um Departamento Jurídico, para dar amparo legal aos clubes nas questões trabalhistas, principalmente, além de trabalhar ações preventivas no âmbito jurídico do campo esportivo. E uma Assessoria de Imprensa eficiente também é fundamental, com um site ágil e constantemente atualizado (de preferência em tempo real).
Quanto ao formato, gostaria muito de ver o retorno do antigo, com as séries Ouro, Prata e Bronze. Que somente irão funcionar bem com algumas definições:
- Uma Série Ouro com 12 equipes e tabela de jogos fixa, desde o começo da temporada, levando-se em conta que é mais fácil um time de grande estrutura, que disputa a Liga Futsal, se adequar a ela, do que uma equipe com orçamento menor. Importante retomar o descenso dos dois últimos colocados, para que o critério técnico volte a ser o principal fator a valer uma vaga na competição, e não o fator econômico. Entendo que ainda não estamos num patamar para implantar a “comercialização” de vagas.
- Uma Série Prata com 12 equipes, com dois grupos regionalizados na primeira fase, para reduzir as despesas com transporte. Com dois times subindo para a Série Ouro e dois caindo para a Série Bronze. Importante a FGFS/Liga proporcionar apoio financeiro aos clubes, como subsidiar as arbitragens e eliminar taxas administrativas.
- E uma Série Bronze com as demais equipes interessadas, igualmente com a primeira fase regionalizada (reduzindo custos de transporte, atualmente muito altos), premiando o campeão e o vice com vagas na Série Prata. Nesta divisão é FUNDAMENTAL que a FGFS/Liga proporcione apoio econômico aos clubes, como subsídio integral nas despesas de arbitragens, eliminação total de taxas administrativas e, se for possível através de ações de marketing, fornecimento de material esportivo.
Sei que ideias são muito fáceis de serem colocadas no papel. Que a prática é muito mais complicada. Mas, como jornalista, minha obrigação é informar e dar opinião.
Por isso espero ter dado uma pequena contribuição ao nosso esporte preferido. Pelo menos no campo do debate das idéias.
Como entusiasta do futsal gaúcho, tenho algumas considerações a fazer. Na minha modesta opinião, o melhor formato do Campeonato Estadual foi aquele que mantinha três divisões: Ouro, Prata e Bronze. Mas porque tal formato sucumbiu? Por razões diversas, obviamente. Econômicas, estruturais e administrativas.
Na Série Ouro, com um número significativo de equipes disputando a Liga Futsal, o calendário sempre era definido privilegiando os chamados “grandes” clubes, que estavam no certame nacional. Muitas vezes times “pequenos” ficavam mais de 30 dias sem atuar (com as despesas correndo), esperando folgas na tabela dos jogos das chamadas “equipes de ponta”. Isso foi enfraquecendo e afastando os clubes da elite do nosso salonismo. A exigência de que os participantes da Ouro disputassem, obrigatoriamente, o certame Juvenil (que em tese é uma boa idéia, mas na prática é uma catástrofe financeira) também foi tornando a primeira divisão do campeonato cada vez menos atraente. A falta de uma boa cobertura jornalística da emissora de televisão que detinha os direitos de transmissão também colaborou negativamente. Por outro lado, a Série Prata se tornou a melhor competição que tínhamos na época. Enxuta, com apenas 12 participantes e equipes tecnicamente mais equilibradas, a Prata era disparado o melhor certame do futsal sulista. Só que, com os problemas na Ouro, muitos times que chegavam às finais da competição, garantindo vaga na elite, simplesmente se recusavam a disputar a Série Ouro. Muitas vezes obrigados a isto, jogavam uma temporada (no máximo duas) e acabavam fechando as portas.
Por fim, tínhamos a divisão de entrada no campeonato estadual, a Série Bronze. Em algumas temporadas, com mais de 30 participantes. Outra competição muita boa. Mesmo com nível técnico inferior, com o decorrer das fases as equipes iam se reforçando com atletas que estavam nas séries Prata ou Ouro (havia um limitador de três transferências deste tipo por clube), e até mesmo da Liga, e nas fases decisivas o nível das disputas ficava muito parecido com a Série Prata, com ótimos embates esportivos. Sem falar que os baixos custos (isso há muito tempo) proporcionavam que muitos clubes pudessem disputar um certame estadual. Hoje, como todos sabemos, a Bronze não existe mais. E inúmeros clubes simplesmente pararam suas atividades. Outros disputam competições como a Taça RBS, torneios ou ligas regionais. Por absoluta falta de opções e recursos.
E que fique claro. A culpa desta situação não é exclusiva dos antigos dirigentes da FGFS. Os clubes se omitiram e deixaram que o nosso campeonato fosse definhando. Lembro de ter participado de algumas assembléias de instalação de campeonatos das séries Prata e Bronze, quando os poucos clubes que ousavam fazer algum questionamento ou cobrança eram motivo de “olhares de desaprovação” dos colegas. Colegas estes que se limitavam a aplaudir os dirigentes da época e aprovar tudo que já vinha pronto e definido de Porto Alegre. Muitos destes, mais tarde viram seus clubes fecharem as portas também.
E como retomar o antigo patamar do futsal gaúcho, que nos enchia de orgulho e despertava respeito nos demais Estados do país? São questões que a nova direção da FGFS/Liga terá que equacionar.
Vou dar algumas sugestões. Na parte estrutural da Federação sugiro a implantação (e ou modernização, caso já existam) de três departamentos. Um de Publicidade/Marketing, para alavancar o “produto” futsal e agregar renda (dinheiro) à competição estadual, revertendo em benefícios diretos aos clubes. Um Departamento Jurídico, para dar amparo legal aos clubes nas questões trabalhistas, principalmente, além de trabalhar ações preventivas no âmbito jurídico do campo esportivo. E uma Assessoria de Imprensa eficiente também é fundamental, com um site ágil e constantemente atualizado (de preferência em tempo real).
Quanto ao formato, gostaria muito de ver o retorno do antigo, com as séries Ouro, Prata e Bronze. Que somente irão funcionar bem com algumas definições:
- Uma Série Ouro com 12 equipes e tabela de jogos fixa, desde o começo da temporada, levando-se em conta que é mais fácil um time de grande estrutura, que disputa a Liga Futsal, se adequar a ela, do que uma equipe com orçamento menor. Importante retomar o descenso dos dois últimos colocados, para que o critério técnico volte a ser o principal fator a valer uma vaga na competição, e não o fator econômico. Entendo que ainda não estamos num patamar para implantar a “comercialização” de vagas.
- Uma Série Prata com 12 equipes, com dois grupos regionalizados na primeira fase, para reduzir as despesas com transporte. Com dois times subindo para a Série Ouro e dois caindo para a Série Bronze. Importante a FGFS/Liga proporcionar apoio financeiro aos clubes, como subsidiar as arbitragens e eliminar taxas administrativas.
- E uma Série Bronze com as demais equipes interessadas, igualmente com a primeira fase regionalizada (reduzindo custos de transporte, atualmente muito altos), premiando o campeão e o vice com vagas na Série Prata. Nesta divisão é FUNDAMENTAL que a FGFS/Liga proporcione apoio econômico aos clubes, como subsídio integral nas despesas de arbitragens, eliminação total de taxas administrativas e, se for possível através de ações de marketing, fornecimento de material esportivo.
Sei que ideias são muito fáceis de serem colocadas no papel. Que a prática é muito mais complicada. Mas, como jornalista, minha obrigação é informar e dar opinião.
Por isso espero ter dado uma pequena contribuição ao nosso esporte preferido. Pelo menos no campo do debate das idéias.
E vejamos o que Júlio Martins escreveu em 2009:
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